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Confessar vícios não é fácil. Alguns tentam esconder e o fazem bem por muito tempo. Outros negam o vício para si próprios como se isso fosse eficiente; é como a criança que fecha os olhos quando vê algo ruim pensando assim que o mal não acontecerá só porque ela parou de observar. Outros não sabem que possuem determinado vício até alguém lhes dizer. Eu tenho um vício: Sou viciado em metodologia. E é uma merda. Isso quebra os sonhos. Leio Marx e penso: Isso seria fantástico! Leio história e penso: Isso é impossível. Do que estou falando? Estou falando sobre uma sociedade justa. Acho que é o sonho de qualquer um. Até os mais terríveis capitalistas, aqueles que venderiam uma garrafa d'água no deserto por duzentos reais pensam nisso às vezes. Em todas as buscas por igualdade social nos esbarramos em algo invisível: Metodologia. Se uma sociedade ideal existe no campo da ideias, a transformação entre o real e o imaginário só pode ocorrer com a metodologia adequada. Todas as metodologias utilizadas até esse momento fracassaram. O sangue das vítimas foi posto embaixo dos tapetes. Bocas foram costuradas pelas agulhas da censura e nada foi feito para reverter isso. Hoje tentamos esvaziar o oceano com uma caneca: Distribuindo esmolas para que muitos morram de fome lentamente com uma angústia no peito que pode durar algumas décadas. É a forma mais cruel de se matar alguém. Até que me mostrem a metodologia antes de ser posta em prática qualquer ideologia ideal, seja lá o que isso signifique, permanecerei cético e estático. Aquele que se dispuser a criar a metologia que a faça em detalhes com todo o rigor científico e distribua para que duzentas milhões de pessoas possam ler. Um texto como esse eu imagino que deveria ter uma duas mil páginas, porque não poderia faltar nada. O desafio está lançado. Eu serei o primeiro a ler com muita atenção. Se ninguém fizer isso eu talvez o faça num futuro distante. Já até pensei no primeiro passo: Construir uma enorme máquina de se fazer dinheiro. E que ninguém questione minha metodologia!

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